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  - 09/12/2011
Portugal vai vigiar a biodiversidade ao longo dos anos - 24/01/2011

Portugal já dispõe de um sistema de gestão e monitorização da diversidade biológica que permitirá ao Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e aos cientistas avaliar a evolução do estado da fauna, da flora e dos habitats.

Desenvolvido pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (CIBIO-UP), o Sistema de Informação e Monitorização da Biodiversidade no Norte de Portugal (SIMBioN) foi concebido para obter, tratar e fornecer informação sobre o estado da diversidade na região, mas está já preparado para cobrir o país.

Além da rede de 20 quadrados de um quarto de quilómetro quadrado (500 x 500 metros) estabelecida para a região no projecto original, apoiado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON.2), num investimento elegível de 217500 euros, a equipa do biólogo João Honrado definiu outros 50 para o resto do país.

O sistema permitirá ao ICNB gerir a biodiversidade nas áreas protegidas e sítios da Rede Natura 2000 e fazer os relatos internacionais sobre o estado da biodiversidade nacional - o próximo em 2013, o seguinte em 2020, para avaliação dos objectivos globais de protecção - e conhecer em detalhe a situação presente e a evolução a longo prazo da fauna, da flora e dos habitats.

Dentro de três ou quatro campanhas, a intervalos de cinco anos, será possível avaliar, por exemplo, os efeitos das alterações de uso do solo (agricultura, floresta, urbanismo, infra-estruturas) e climáticas. O sistema, que assenta numa rede de zonas de amostragem perene, permitirá a avaliação sistemática, ao longo dos anos, da evolução de indicadores como a abundância e distribuição das espécies e composição da paisagem.

A situação de referência do estado da biodiversidade será estabelecida com a primeira campanha de recolha, análise e tratamento dos dados pela infra-estrutura informática do SIMBioN, suportado num sistema de informação geográfica cujo desenvolvimento teve a participação do especialista Joaquim Alonso, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

Usando uma cartografia muito fina - células de 20 x 20 metros, estruturas linerares de 30 metros de comprimento (sebes, por exemplo) e "todos os pontos que introduzam novidade ecológica, como árvores isoladas no meio de um campo, da qual dependem várias espécies", exemplica João Honrado - o sistema permite apurar a riqueza específica dos habitats observados, sejam espaços naturais de elevado estatuto de conservação, sejam mosaicos agrícolas ou eucaliptais. "Só percebemos se as áreas protegidas são eficazes e se cumpriu os objectivos da sua criação se as compararmos com áreas exteriores", explica o biólogo.

No Norte, foram identificados 63 habitats naturais dos 88 que correm em Portugal continental, do carvalhal ao sistema dunar, passando pelos prados e lameiros, e 159 espécies da fauna e 148 da flora, em função da ocorrência conhecida ou documentada (relatórios, literatura da especialidade e colecções), tendo sido seleccionadas 20 zonas que fazem parte da rede de amostragem, observação e recolha de informação.

Para a colheita de dados, haverá visitas no terreno, por pessoal qualificado com formação para a utilização dos protocolos concebidos no SIMBioN, assente no corpo de vigilantes do ICNB, investigadores, estudantes e voluntários de associações de conservação da natureza. A coordenação e a validação científica dos dados terão um responsável permanente.

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